De onde avistamos vosso mundo
- vossos olhos, nosso periscópio -
Por instantes visualizamos
E nos lembramos
Como é viver segundo as regras
De um mundo quase esquecido
"Vida nova, Vida Posta" dizemos
Parafraseando um ditado antigo
"Rei morto, rei posto" pensa a médium e percebe
Que a janela daí para aqui
Não é a mesma que a nossa
Durante o fenômeno da incorporação
Mas uma outra
Mais acessível justamente
quando se cerram os olhos e se sobressaem os sentimentos
Mediunidade é sentir
e não ignorar a voz interior
Mediunidade é labuta
e urge não se permitir perder
a oportunidade para a redenção
Mediunidade é um olhar contrabandeado
de um mundo para o outro
Uma nota clandestina
que ressoa em diferente plano
Mediunidade é vislumbrar
Através da fechadura
Causa para reações
que do ponto de vista vosso
- do vosso aqui e do nosso aí -
não fazem tanto sentido
É começar a compreender
E deixar de duvidar
É se permitir levar a sério
O que a alma insiste em não ignorar
É dar água para a semente
Mesmo em deserto brotar
Desafiando a todos com a beleza
De uma rosa a desabrochar
Só para contrariar quem disse
Que não haveria solo para ela vicejar
É passar mais tempo
Debruçada no parapeito da janela
Tirando o pó do batente e oleando as persianas
Para permitir que mais passantes dêem notícias
-do lado de cá para aí -
Mediunidade é cumprimento de voto
Que não se fez aí
E consiste em calçar a estrada
Pros caminhos do porvir
Sua a camisa quem trabalha direito
E pole bem a pedra assentando-a
No local certo
Que o Engenheiro Celestial determinou
Ao fim do dia fecha os olhos
E sorridente acessa a mente
- aquietada -
E então olha para nós
Para nos ver claramente em sua visão
Da janela que o Papai do Ceú botou
Bem no meio do seu coração!